Ka-zar é um personagem da editora Marvel, que teve
duas versões, a primeira estreou em Outubro de 1936 nas páginas de revistas
"pulp" da editora Timely (antes de se trasformar na Marvel), essa
fase foi considerada a cópia de Tarzan.
A segunda, e definitiva, fase do personagem
foi criado por Stan Lee e Jack Kirby. Lançada em 1965, mostrando uma nova
origem, apesar do ambiente e alguns elementos serem parecidos com o do Tarzan.
A Bloch reproduziu todas as capas e histórias da
série original de Ka-Zar de 1974.
Referências:
Ka-Zar, um dos personagens mais antigos da Marvel
Por Sérgio Codespoti
Data: 25 fevereiro, 2013
Muitos
leitores acham que o herói surgiu nos anos 1970, mas ele é contemporâneo do
Tocha Humana e do Namor da década de quarenta.
Poucos
leitores mais novos sabem, mas Ka-Zar, conhecido como o Senhor da Terra
Selvagem, é um dos personagens mais antigos da “Casa das Ideias”, e nasceu nos pulps para
depois migrar para os quadrinhos.
Então,
mergulhe agora na história desse personagem que teve, inclusive, outros nomes.
Ka-Zar nos pulps e
na Era de Ouro
A primeira versão
de Ka-Zar surgiu na década de 1930. O personagem se chamava David Rand e era
uma das diversas “cópias” de Tarzan existentes naquele período, como Sangroo,
Kwa, Kroom, Kooga, Ki-Gor, Sheena e Jan of the Jungle.
O
herói também era conhecido como Ka-Zar the Great (que pode ser
traduzido livremente como Ka-Zar, o Glorioso). Sua primeira aparição ocorreu
nas páginas da revista pulp Ka-Zar #1, de outubro de 1936, da Manvis
Publishing, um dos diversos selos editorias de Martin Goodman, que também
era o dono da Timely Comics (que, posteriormente, viraria Marvel).
A
revista pulp Ka-Zar teve apenas três edições, entre outubro de
1936 e junho de 1937. O personagem ilustrava a capa (pintada por J. W. Scott) e
era a estrela da história principal da edição – que incluía outros três ou
quatro contos -, sempre assinada por Bob Byrd. Depois disso, o herói ficou
esquecido entre 1937 e 1939, quando ressurgiu adaptado para os quadrinhos.
Ka-Zar
apareceu nos quadrinhos em Marvel Comics # 1, o primeiro título da Timely.
Essa aventura foi adaptada por Ben Thompson, baseada no conto King of
Fang and Claw, originalmente escrito por Bob Byrd.
A Marvel
Comics moderna só reconheceu oficialmente a existência desse
personagem dentro do seu Universo em All-New Official Handbook of the
Marvel Universe A to Z # 6, publicado em 2006.
David
Rand – sem nenhum parentesco com Daniel Rand, o Punho de Ferro – nasceu na
África do Sul, em 1918. Com apenas três anos, ele viajava para o Cairo, no
Egito, com seus pais, num avião que caiu nas florestas do Congo, que na época
era uma colônia da Bélgica.
O
garoto cresceu na selva com seu pai, John Rand, isolado das tribos locais. Seus
únicos amigos eram os animais, e o mais fiel deles era Zar, um leão que ele
salvara da areia movediça. Aliás, o nome Ka-Zar significa “irmão do leão”.
O
pai de David faleceu num confronto com o contrabandista de esmeraldas Paul de
Kraft, mas posteriormente foi vingado por Ka-Zar. Nessa fase, as aventuras do
herói eram bastante ligadas ao momento histórico do período, com cenários no
Congo belga, Somalilândia (uma região da Somália), Etiópia, Quênia, Inglaterra
e Estados Unidos.
Além
de caçadores, contrabandistas e até homens-lagarto, Ka-Zar também enfrentou
nazistas, fascistas e outros aliados do Eixo, durante a Segunda Guerra Mundial.
Essa
adaptação de King of Fang and Claw foi lançada em seis partes
(Marvel Comics # 1 e Marvel Mystery Comics # 2 a #
5), entre outubro de 1939 e março de 1940.
King
of Fang and Claw, de Bob Byrd,
está disponível online como um arquivo de texto do Projeto
Guttemberg Austrália. O conto também pode ser lido, em versão html, com as
ilustrações originais de L. F. Bjorklund, no site the Holloway Pages – Pulp Heroes.
As
aventuras de Ka-Zar foram publicadas até a edição # 27 da revista Marvel
Mystery Comics (de janeiro de 1942), sempre com arte de Ben Thompson.
Como
ocorre com grande parte do material publicado na Era de Ouro, existem dúvidas
sobre a autoria dos roteiros, se eram realmente de Thompson, ou de outro
escritor como, por exemplo, Ray Gill, que também assinava histórias na mesma
revista.
Recentemente,
uma reedição dessas aventuras credita Frank Frollo como desenhista de algumas
delas, o que pode ser um erro, pois diversos pesquisadores de quadrinhos
estadunidenses questionam essa atribuição.
Na
época, os principais heróis de Marvel Mystery Comics eram o
Tocha Humana e o Anjo, ambos de Carl Burgos; e Namor, de Bill Everett.
E
Ka-Zar chegou a participar de uma história do Tocha Humana, publicada em Human
Torch # 5, lançada em 1941. Depois disso, o herói foi temporariamente
esquecido pela editora.
Algumas
aventuras do personagem foram publicadas no Brasil na revista Gibi
Mensal.
Na
década de 1950, quando os super-heróis estavam em baixa e os heróis da selva
proliferavam, a Atlas (um dos muitos nomes usado pela Marvel)
reviveu o personagem com outro nome, Lo-Zar.
Esse
“clone” de Ka-Zar foi criado por Don Rico e ilustrado pelo ótimo Joe Maneely. A
estreia de Lo-Zar ocorreu em Jungle Action # 1, publicado em
outubro de 1954.
Curiosamente,
o personagem foi xerocado mais uma vez na década de 1970, quando, para evitar
um conflito com Ka-Zar, Lo-Zar teve suas histórias republicadas na revista Jungle
Action (Volume 2), de 1972, com o nome de Tharn e com o cabelo ruivo,
em vez de loiro.
A versão moderna
de Ka-Zar
A Marvel
Comics voltou a dar atenção ao personagem em 1965, quando Ka-Zar foi
recriado por Stan Lee e Jack Kirby, nas páginas de The X-Men # 10.
O
novo Ka-Zar passou a se chamar Kevin Plunder, e é conhecido como o “Senhor da
Terra Selvagem”. Suas aventuras mudaram da África para um vale perdido na
Antártica.
A
Terra Selvagem é lugar que possuiu um clima tropical, graças a uma série de
máquinas criadas por extraterrestres, e é habitada por tribos primitivas e
dinossauros. O leão Zar foi substituído por Zabu, um tigre de dente de sabre. O
nome do personagem passou a significar “filho do Tigre”.
Essa
versão foi inspirada tanto em Tarzan (e no Ka-Zar original), quanto em Tor, um
herói pré-histórico criado por Joe Kubert, na década de 1950.
Suas
histórias na década de 1960 foram publicadas nas revistas X-Men,
Daredevil e The Amazing Spider-Man. Seu primeiro título
solo, Ka-Zar, foi lançado entre 1970 e 1971, teve apenas três
edições e trazia reimpressões das aventuras do personagem publicadas a partir
de 1965.
Em
agosto de 1970, Ka-Zar passou a estrelar Astonishing Tales, título
bimestral que trazia duas histórias de dez páginas. Nos primeiros anos de
publicação, ele dividia as páginas com o vilão Dr. Destino, mas, depois de oito
edições, passou a ser o único personagem da revista.
Nessa
fase, Ka-Zar faz amizade com Tongah e Barbara Morse – que, quase uma década
mais tarde, se transformaria na heroína Harpia (Mockingbird, no original) – e
enfrenta Kraven, o caçador, Garokk, o homem petrificado, Zaladane, Homem-Coisa,
I.M.A. (Ideias Mecânicas Avançadas), Gog e muitos outros.
Anos
mais tarde, Garokk e Zaladane foram usados por Chris Claremont e John Byrne
numa história clássica dos X-Men na Terra Selvagem. E Gog voltaria numa
aventura do Homem-Aranha na Terra Selvagem.
Os
roteiros das HQs de Astonishing Tales são de Stan Lee, Gerry
Conway, Gary Friedrich, Mike Friedrich e Roy Thomas. A arte é de Barry
Windsor-Smith, Herb Trimpe, Tom Sutton, John Buscema, Sal Buscema, Gil Kane e
Rich Buckler.
As
histórias de Astonishing Tales # 10 e # 11 foram
publicadas no Brasil em Ka-Zar # 1, da Editora Paladino.
Em
1971, Ka-Zar passou a figurar em outra revista, Savage Tales,
publicada em preto e branco, no mesmo formato de A espada selvagem de
Conan. Era uma publicação indicada para leitores maduros, que não trazia o
selo do Comic Code Authority.
A
primeira HQ nesse título, The Night of the Looter, foi escrita por
Stan Lee e ilustrada por John Buscema. É uma trama simples e direta, com
algumas discretas cenas de nudez (algo raro na época) da personagem Carla, uma femme
fatale que desejava seduzir Ka-Zar para facilitar a obtenção do raro
metal Vibranium.
Essa
aventura também foi reproduzida, em cores, nas páginas de Astonishing
Tales # 14, mas com uma diferença: todas as cenas de nudez foram
redesenhadas por Buscema e uma sequência mais provocativa foi substituída (em
texto e arte), dentro do contexto da trama – por cenas inócuas.
Conan
foi o destaque de capa da revista até Savage Tales # 5, mas nas
edições seguintes foi substituído por Ka-Zar. As histórias eram de Gerry Conway
e dentre os artistas estavam John Buscema, Alfredo Alcala, Tony DeZuñiga, Steve
Gan, Russ Heath e Sandy Plunkett.
Martin
Goodman, o publisher da Marvel, não tinha grande
interesse na publicação de Savage Tales, pois era um título que
provocava o Comic Code Authority, e a entidade era bastante
poderosa na década de 1970. Segundo Roy Thomas, logo que encontrou uma
desculpa, Goodman cancelou a revista, após 11 edições.
O
Senhor da Terra Selvagem deixou a revista Astonishing Tales na
edição # 20 e ganhou outro título, Ka-Zar, Lord of the Hidden Jungle,
em 1974. Algumas das histórias dessa fase foram publicadas no Brasil pela
editora Bloch, em Ka-Zar, em sete edições publicadas
entre 1975 e 1976.
No
total, Ka-Zar – Lord of the Hidden Jungleteve 20 edições,
publicadas bimestralmente entre 1974 e 1977.
Shanna
e Ka-Zar se encontram pela primeira vez em Ka-Zar – Lord of the Hidden
Jungle # 1. Nas revistas seguintes, outros personagens que retornaram foram
Tongah e Bobbi Morse. No sexto número, Gerry Conway assumiu os roteiros,
substituindo Mike Friedrich. John Buscema e Alfredo Alcala assinavam os
desenhos.
A
revista esquentou a partir da edição #12, com a história Wizard of the
Forgotten Flesh, escrita por Doug Moench e ilustrada pelo veterano Russ
Heath, que marcou o início de uma das fases mais divertidas do personagem.
Ka-Zar e Tongah decidem ajudar Sharka e Charn, dois membros da tribo do
pântano, contra os feiticeiros Zaurai, Sheesa e seus homens lagartos.
Na
sequência, Ka-Zar enfrenta Ulysses Klaw, o Garra Sônica, e os Sheenaurians
(alienígenas de outra dimensão, que, num provável erro do escritor ou do
letrista em algumas partes, também são chamados de Shaurians), numa aventura de
várias partes, com arte de Larry Hama e Val Mayerik e texto de Doug Moench.
Também
participam da aventura a repórter Tandy Snow e o radiologista Kirk Marston (que
posteriormente se transformaria na criatura Garokk, numa HQ dos X-Men, da fase
de Chris Claremont e John Byrne). Quando Ka-Zar e seus companheiros invadem a
dimensão dos Sheenaurians, descobrem que existe outra raça alienígena no lugar,
os Quarlians, estranhos humanoides que usam tubarões alados como meio de
transporte. Tandy acaba sendo coroada como rainha Tandylla, pelos Quarlians. Infelizmente,
a história ficou inacabada.
A Marvel cancelou
a revista no número # 20, prometendo continuar a aventura num título futuro, o
que ocorreu na forma de um flashback narrado por Karl Lykos
(Sauron) e Ka-Zar, no clássico Uncanny X-Men # 115. Claremont optou
por um desfecho bastante simplificado, literalmente um Deus Ex Machina,
envolvendo a intervenção de Zaladane acompanhada do novo Garokk (Kirk Marston),
para exterminar a ameaça interdimensional e retornar a Terra Selvagem à
normalidade.
Depois
disso, Ka-Zar só voltou a ganhar um título regular em 1981, na aclamada série Ka-Zar
the Savage, com texto de Bruce Jones e arte de Brent Anderson. Foi nessa
série, de 34 edições, que ele e Shanna se casaram no número #29.
Em
1990, o personagem ganhou uma graphic novel, Ka-Zar – Guns
of the Savage Land, com enredo de Chuck Dixon e Timothy Truman, layouts de
Gary Kwapisz e pintura de Ricardo Villagrán. Também estão na história Shanna,
Zabu e Wyatt Wingfoot.
Mark
Waid e Andy Kubert assumiram as histórias do herói, em Ka-Zar,
série de 1997 com 20 edições publicadas. Uma das grandes inovação foi a
introdução de Matthew Plunder, o filho de Ka-Zar e Shanna. Thanos, mais
acostumado a enfrentar super-heróis cósmicos, é um dos vilões dessa fase.
O
herói também participou do evento Flashback, no qual todas as
revistas da Marvel estamparam o número # 1 na capa, e as
histórias se passavam no passado dos personagens. Para realçar esse efeito, a
editora usou o mesmo logo da série Ka-Zar – Lord of The Hidden Jungle,
de 1974. O enredo é de Mark Waid e Todd DeZago e a arte é de John Cassaday.
Em
1997, o herói ganhou ainda Ka-Zar of the Savage Land # 1, uma
edição especial com roteiro de Chuck Dixon e arte de Frank Teran, na qual
Ka-Zar e Shanna enfrentam Sauron.
Quatro
anos depois, em 2011, a Marvel lançou uma minissérie de
Ka-Zar, de cinco edições, com texto de Paul Jenkins e arte de Pascal Alixe. O
filho de Ka-Zar e Shanna, Matthew, participa da história.
A
última participação regular de Ka-Zar no Universo Marvel ocorreu
na minissérie de 2011 Skaar, King of the Savage Land, de Rob
Williams e Brian Ching. Nela, Skaar, o filho do Hulk com a alienígena Caiera,
enfrenta Ka-Zar, Shanna, Devil Dinossaur, Moon Boy, o caubói Two-Gun Kid e
outros, pelo domínio da Terra Selvagem.
Desde
então, o herói aguarda por mais um retorno, que, a julgar por sua história nos
quadrinhos, certamente acontecerá.
Sérgio Codespoti
mora em Luxemburgo, mas adoraria ter um portal para a Terra Selvagem.
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