MIRNA,
DIOGO E VALDIR DÂMASO
Meu prezado amigo Valdir de Amorim Dâmaso enviou-me
uma correspondência volumosa e que incluiu:
1. Notícias suas e de sua querida família, incluindo o seu neto Diogo Dâmaso.
2. Dados sobre o alagoano Messias de Melo "o mais produtivo desenhista brasileiro de quadrinhos" (Álvaro
de Moya.
3. E um deliciosa edição do Álbum Juvenil Tiras, no. 25, com 100 páginas, "...um álbum inédito que estava
incompleto desde 2003, e que agora, junto com outros, resolvi terminar...",
(Dâmaso). Comemora os oitenta anos do personagem Alley Oop, (Brucutú, no Brasil e
Trucutú, em alguns países latinos-americanos de língua espanhola).
Agradeço ao amigo a gentileza e aproveito para lhe
desejar um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo, extensivos aos entes
queridos. (José Queiroz)
P.S. -Descobri, com imensa satisfação, que no apêndice exclusivo da edição brasileira do livro de Sean Howe, Marvel Comics, a História Secreta, o autor do apêndice, Érico Assis, relacionou vários fanzines de Dâmaso como fontes confiáveis, utilizadas por ele, para documentar a história da Marvel Comics no Brasil.
Leia, a seguir, parte da correspondência do amigo Valdir.
A - A CARTA DE VALDIR:
Maceió,
21 de novembro de 2013
Caro
amigo Queiroz:
Aproveitando
a oportunidade da matéria que você postou no seu site sobre o Brucutú, segue a
cópia de um álbum inédito que estava incompleto desde 2003, e que agora, junto com outros, resolvi terminar, quase que
só para colocar apenas no meu próprio arquivo, uma vez que não tenho mais o
Edgard Guimarães ou o Kern (Confraria dos Dinossauros), que podiam providenciar
cópias e expedição pelo correio para quem tivesse interesse.
Assim,
o que tenho feito ultimamente é organizar em álbuns o material que ainda
guardo, e arquivar um único exemplar comigo. Mas para alguns amigos especiais,
como você, mando uma copia impressa desse do Brucutú.
Também
consegui colocar no tamanho A-4 toda a coleção da Confraria dos Dinossauros,
que no início saiu no formato tablólde. São 30 edições que distribuí em 5
álbuns de pouco mais de 200 páginas cada, tendo 6 números da Confraria em cada
álbum. Não sei se um dia poderei tirar cópias para atender a quem se interessar
pela coleção, ficando os originais nos meus arquivos, como exemplar único.
Este
ano, às vésperas de completar 80 anos (será em março próximo), estou tendo
alguns problemas com a saúde... (Por decisão ética, decidi suprimir os dados da doença de Valdir, mas quero reafirmar a
minha solidariedade ao amigo)..)
Como
você sabe, passo a maior parte de meu tempo no meu sítio no Carirí, no interior
do Estado, onde nasci e moram todos os meus irmãos e muitos parentes. Lá, nos
últimos 3 anos, dei preferência a algumas atividades ao ar iivre. Fiz cercas,
açudes, muros, piscina, algumas edificações, plantei pessoalmente mais de mil
árvores. O número de pássaros e de pequenos animais silvestres aumentou.
Agora,
com o meu problema de saúde fiquei mais caseiro, e passei a organizar melhor as
minhas coleções. Quando venho a Maceió passo pouco tempo na cidade, mas sempre
visito o seu blog (é isso mesmo?) e fico sabendo notícias suas.
No
mês de julho passado estive em Campinas-SP, onde mora uma tia da Mirna, minha
esposa, e tive oportunidade de estar com o Luiz Antônio Sampaio, que como você
sabe é um grande estudioso e entendido de quadrinhos. É ele quem me fornece diversas edições
importadas, com quadrinhos clássicos.
Passamos
alguns dias em Campinas, mas o principal objetivo de nossa viagem foi irmos a Pirassununga, com a família de
minha filha médica Isabela, e outros parentes de meu genro Denisson, a fim de
assistirmos na AFA (Academia da Força Aérea), à entrega do espadim de cadete do
ar, ao meu neto DIOGO DÂMASO, que até agora está muito entusiasmado com a
escolha que fez. Os pais dele também têm formação militar, na área médica,
Denisson como Tenente dentista no Hospital da Aéronautica em Recife (3 anos), e
Isabela como Tenente médica
da Polícia Militar de Alagoas (5 anos). Segue uma foto do DIOGO com os avós
Corujas, na AFA.
Aproveito a oportunidade para adiantar os votos de um
FELIZ NATAL, para você e toda a sua família.
Um grande abraço do amigo Valdir
B- MESSIAS DE MELO:
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Quadrinhos
e charges, em termos de primórdios
do século 20 também tiveram o traço alagoano dentre os seus
pioneiros.
Essas
modalidades de artes gráficas, em verdade, pegaram fôlego no Brasil a partir do
terço final do século 19, especialmente depois do talento do italiano Angelo Agostini ter
aportado em nosso País.
Ao
longo da primeira metade da centúria recém-passada,
como escreveriam os empolados, chargistas e quadrinistas magistrais fizeram época e consolidaram esse nicho no cenário da
mídia impressa brasileira. E, embora poucos saibam, um alagoano brilhou com
particular talento durante aquele tempo: Messias de Melo.
Emerson
Magalhães, também do ramo dos traços e HQs, nos brinda com um texto
memorialístico sobre esse pioneiro que principiou a publicar seus desenhos há
exatos 80 anos, em 5 de outubro de 1933 e exportou
sua marca das páginas dos jornais e revista,
por exemplo, para o campo dos símbolos dos principais times brasileiros.
Destaque-se
o talento de Messias de Melo na seara das artes
plásticas, exercitando por meio de um
figurativismo primoroso cenas carregadas de regionalismo e visão social.
Além
do tributo a Messias de Melo, esta edição se desenha
salpicada por contribuições do mais alto nível, contando com nomes como Ubireval
Alencar, Francisco Oiticica, Davi Roberto Bandeira da Silva e André Falcão.
Aviso
aos navegantes: para as edições futuras já se
encontram engatilhados ensaios
de Douglas Apratto, Ruth Vasconcelos, Edson Bezerra e Agatângelo Vasconcelos.
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Anos
depois, quando do nascimento da nova Gazetinha, em 14
de setembro de 1933, o relógio, que não fora consertado, ficando como
lembrança daquele episódio, marcando eternamente duas e vinte e cinco (o horário do ataque), não teve como anunciar o retorno do segundo filho da Gazeta para os seus pirralhos.
Mesmo assim,
não foi difícil para as crianças verem que chegava às
bancas de São Paulo uma novidade para elas: um trabalho simpático, cômico,
semente que prenunciava o desenvolvimento de uma nova etapa para os órfãos da
Gazetinha original. E não sem razão!
Na
edição seguinte, de 28 de setembro, surgia um dos maiores talentos dos quadrinhos
brasileiros naqueles tempos pioneiros. Nas páginas do terceiro número da Gazetinha,
aparecia a historinha “O Tutu tinha uma pose", escrita por Papá Noé (na verdade,
o poeta alagoano Judas Isgorogota, aliás, Agnelo Rodrigues de Melo) e desenhada
por seu irmão Messias, que inaugurava uma promissora carreira artística, que
só findaria com sua morte, em meados dos anos 90, apesar de ter deixado os
quadrinhos relativamente muito cedo, ainda nos anos 60.
Nada
diferente das outras histórias cômicas da época, “O Hitu tinha uma pose” foi um
marco apenas por ser o início do trabalho de Messias de Melo no jornalzinho.
Porém, em 5 de outubro de 1933, nas páginas da quarta edição da A Gazetinha,
vinha ao público “Uma aventura na África”, segunda HQ dos dois irmãos alagoanos
e daí por diante, veio uma enxurrada de trabalhos, alguns engraçados, outros
sérios, equilibrando o conteúdo editorial da Gazetinha até o fim da sua
segunda fase, em março de 1940. Depois, participou da Gazeta Juvenil e da
Gazeta Esportiva, também marcando enorme presença com sua arte.
Manoel
Messias de Melo foi o maior profissional de HQs que já surgiu em Alagoas,
reconhecido internacionalmente como “o
mais produtivo desenhista brasileiro de quadrinhos” de sua época. Segundo
o estudioso de quadrinhos Álvaro de Moya, em sua obra Shazaml Messias de Melo
era “um dos mais prolíficos desenhistas,
chegando a manter 3 páginas em cada número da
revista tri-semanal (A
Gazeta). E mantinha a qualidade..”
Ele
pintou cartazes para circos mambembes e cinemas de Maceió e São Paulo. criou personagens como o Pão Duro, Gibimba, Audaz, o Demolidor e outros. Ilustrou,
para a revista Gazeta Juvenil, diversos clássicos da literatura mundial, como
O Máscara de Ferro, Robinson Crusoé, Os
Miseráveis e vários outros.
Mais
tarde, trabalhando para a Gazeta Esportiva, criou inúmeros personagens símbolos
dos clubes, tais como, o Santo, do São Paulo, o
Periquito, do Palmeiras, a Macaca, {Ponte Preta), o Menino Travesso
(Juventus), o Mosqueteiro (Corinthians). Paralelamente a essas atividades,
desenvolveu com maestria um trabalho de pintura a óleo e, mais tarde, em tinta
acrílica.
Todo esse período histórico ficou perdido por décadas,
oculto em arquivos de acesso restrito de bibliotecas. Porém, nos últimos
anos, veio è tona farto material iconográfico sobre Messias de Melo. E muito
mais virá até o alvorecer de 2014, tempo dos 110 anos de nascimento, em 16 de
outubro de 1904, e 20 anos de sua morte, em 18 de Outubro de 1994.
C- CONFRARIA DOS DINOSSAUROS
Se me fosse dado escolher, inicialmente, gostaria de receber o segundo volume, logicamente pagando as despesas de editoração. FIM
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