MEUS COMENTÁRIOS: Concordo com o conteúdo do artigo, particularmente com a citação: "Nunca aceitei a ideia do direito histórico dos judeus à Terra Prometida como algo evidente."
E os argumentos: "Assim, ao contrário da opinião de meus críticos, não sou nem nunca fui contra Israel, mas sim contra os métodos dos seus governos militaristas, quando matam civis e crianças palestinas a pretexto de liquidar terroristas e seus foguetes. Com 0 mesmo propósito, já critiquei os EUA por terem lançado bombas atômicas sobre 0 Japão e usado napalm no Vietnã."
"... não haverá paz no Oriente Médio, cujos problemas até hoje decorrem dos apetites do colonialismo inglês e europeu sobre o petróleo árabe, sem a criação do Estado palestino, cujo povo se sentiu esbulhado e deserdado com a criação de Israel."
Quem quiser ler, na íntegra, basta acessar o post abaixo:
"Estava
arrumando as malas para ir à Rússia (já me encontro
em Moscou), quando li o artigo do dr. Luiz Rechtman em resposta aos meus sobre
o Oriente Médio. Para mim é sempre penoso ter que escrever para reafirmar que
não sou o que nunca fui, ou seja, contra a existência de Israel. Enfim, as
polêmicas que pontilham minha carreira jornalística me conferiram
dura têmpera, sólida couraça, amorosa paciência.
No livro A invenção da terra de Israel (SP,
Bonvirá, 2014), o ilustre judeu Schlomo Sad, mestre da Universidade de
Tel-Aviv, ex-soldado israelense, escreve: “Nunca aceitei a ideia do direito histórico dos judeus à Terra Prometida como algo
evidente”. Apesar do eminente intelectual, prefiro citar outra frase, esta da
grande correspondente inglesa de guerra Martha Gellhom, quando disse: "A
Alemanha nazista tomou Israel essencial”. É também minha convicção.
Assim, ao contrário
da opinião de meus críticos, não sou nem nunca fui contra Israel, mas sim
contra os métodos dos seus governos militaristas, quando matam civis e crianças
palestinas a pretexto de liquidar terroristas e seus foguetes. Com 0 mesmo
propósito, já critiquei os EUA por terem lançado bombas atômicas sobre 0 Japão
e usado napalm no Vietnã.
A pergunta que faço
agora aos críticos e leitores em geral é a seguinte: tem o governo brasileiro o
direito de usar artilharia pesada e bombardeios sobre as favelas da Rocinha e
do Complexo do Alemão, no Rio, para liquidar com os traficantes e assassinos do
crime organizado, tão perigosos como terroristas? Seria justificável uma ação
radical contra os bandidos brasileiros, contaria com apoio popular a morte dos
civis das favelas?
O exército israelense tenta aliviar a gravidade
da ação divulgando que adverte previamente sobre os ataques. Quanta gentileza!
Mas as bombas massacram da mesma maneira, destroem bairros inteiros e não distinguem
entre civis, crianças e terroristas, que não precisam de escudos humanos para
agravar o que bombardeios indiscriminados podem fazer.
Outro ponto das
minhas convicções é que
não haverá paz no
Oriente Médio, cujos problemas até hoje decorrem dos apetites do colonialismo
inglês e europeu sobre o petróleo árabe, sem a criação do Estado palestino,
cujo povo se sentiu esbulhado e deserdado com a criação de Israel. De nada
resolve o Dr. Rechtman alegar que 0 assassino
judeu do grande líder Rabin, que negociava a existência do Estado palestino,
foi preso. Com seu crime ele conseguiu evitar a paz, que, aliás, não interessa
também aos fabricantes e vendedores de armas, ativos no Oriente como no resto
do mundo.
Temos a tendência de
ver o Ocidente como pátria de heróis e o Islã de vilões fanáticos e
degoladores, nós os bons, eles os maus, mas omitimos nossos genocídios étnicos,
a fúria assassina dos cruzados cristãos e quantos seres humanos queimamos nas
fogueiras da Igreja.
Até Cristo
torturamos numa cruz! Terroristas ou não, os homens têm sido, no globo inteiro
e em todas as épocas, a peste da natureza.
Vou surpreender agora meus interlocutores de ascendência judaica, narrando um segredo íntimo: na década de 50, estive loucamente apaixonado por
uma morena judia baiana, tão bela como as moças de Salomão. Não pude me casar
apenas pela
discriminatória interdição da lei judaica. Caso contrário, é bem provável que fosse o pai de uma chusma de judeuzinhos abaianados, frequentando alternadamente igrejas e sinagogas, com o solidéu na cabeça... Quem sabe não teria ido morar em Tel-Aviv e servido à Haganah, o exército primitivo israelense, me envolvendo
até nas guerras locais?...
Amigos, jamais duvidem das surpresas da vida e da imprevisibilidade dos fados. Em suma, façamos todos juntos
como o grande maestro Daniel Baremboim,
judeu-argentino, que criou uma magnífica orquestra de jovens israelenses e
palestinos para abafar, com a magia da música, 0 fragor dos bombardeios o mortais. Shalom!
J.C. TEIXEIRA GOMES ESCREVE QUINZENALMENTE NO SÁBADO. ESTE ARTIGO
RESPONDE AO DE LUIZ RECHTMAN (6.9.14), QUE FOI UMA RÍPLICA AOS DOIS ANTERIORES
DE T. GOMES. A POLÊMICA PODE SER LIDA NO PORTAL: ATARDE.COM.BR/OPINIAO
MARINA SILVA FALA COM DEUS?
Qualquer
que seja o resultado desta eleição,
Marina Silva já pode se considerar vencedora. Senão
pelo fato de ter superado todas as
dificuldades que pintaram na primeira parte de sua
vida (malária, pobreza, contaminação por mercúrio...), pelo menos - e
principalmente - pela surpreendente notícia de que ela, como se fora uma
espécie de escolhida, mantém uma linha direta com ninguém mais, ninguém menos,
do que Deus. Caraca!
Em se confirmando
essa poderosíssima conexão, não tenho dúvidas de que a ex-senadora
fatalmente será eleita, já que nenhum outro candidato demonstrou possuir um
interlocutor de tamanho calibre, embora Dilma esteja convicta de que Lula possui
atributos que lhe conferem certa equivalência com o Altíssimo. Em todo caso,
diante desse acontecimento tão extraordinário, peço desculpas aos fanáticos de
plantão, mas não tem como não imaginar o que poderá acontecer caso ela seja a
nossa presidente. Simbora.
Meados de 2015,
véspera de uma importante votação no Congresso. Depois de serem inocentados
de alguma nova malandragem, Renan, Lobão e Sarney (com um tubo de oxigênio sob
a cadeira de rodas) chegam ao Palácio do Alvorada para mais um achaque
travestido de reunião. Antes de descer para recebê-los, Marina resolve conversar
com Deus e, para tanto, segue à risca o ritual da canção de seu ministro
Gilberto Gil. A sós, ela apaga a luz, despe-se, tira os sapatos, lambe o chão
do palácio e apesar do mal tamanho a lhe espreitar degraus abaixo, tem que
alegrar seu coração.
Enquanto isso, num
ponto qualquer do firmamento, Deus, depois de mais um dia daqueles
tentando resolver os problemas da Faixa de Gaza - e ainda tendo que aturar as
preces das torcidas do Bahia e do Vitória para livrá-los do rebaixamento tenta
relaxar tomando um vinho do porto e ouvindo a trilha sonora de Cinema Paradiso. Na metade do tema
de Totó e Alfredo, um insistente holograma com um mico-leão-dourado pulando de galho em galho começa a piscar em sua frente, 0 que
O leva a emudecer fagotes e oboés com um gesto de mão
idêntico ao que Jô Soares usa para silenciar O
seu sexteto.
Em seguida, com o
humor afiado, pergunta: "0 que foi desta vez, Osmarina? Não me diga
que é alguma revolução sexual na floresta, com os bichos querendo sair das
tocas para reivindicar 0 acasalamento entre animais do mesmo sexo!”. Antes que
ela prossiga, Ele continua: "eu bem que lhe avisei para não se meter na
política e que era bem melhor pra você ter continuado convivendo com curupiras,
sacis e mulas-sem-cabeça entre seringais e igarapés”. “Mas senhor, eu...”.
E antes que ela
continuasse, Deus encerrou o assunto dizendo que lá, como cá, também existem
os acordos entre o bi-partidarismo que rege o universo e que, para conter
grandes tragédias e epidemias, é preciso fazer algumas concessões, como
entregar a alma de certos políticos ao líder da bancada oposicionista das
entranhas.
Em seguida, serve-se
de uma dose de bourbon, balança o dedo como o maestro do mundo e a voz de Bob
Dylan cantando Mr. Bojangles
ecoa pela galáxia, abafando o choro do outro lado da linha.
JÂNIO F. SOARES ESCREVE SÁBADO, QUINZENALMENTE
HOMENAGEANDO CEDRAZ - Antonio Cedraz (1945-2014
HOMENAGEANDO CEDRAZ - Antonio Cedraz (1945-2014
"A vida é o que acontece enquanto
fazemos planos", disse certa vez o autor de Imagine durante uma entrevista. Em novembro do ano passado, o quadrinista
baiano Antonio Cedraz delineou diversos dos seus (muitos) planos para este jornalista,
durante uma entrevista para a revista Muito.
Após um longo período de combate ao
câncer, Cedraz curtia um momento positivo: estava em remissão e planejava
retomar a produção das tirinhas da Turma do Xaxado, interrompida desde que
iniciara o tratamento, alguns anos antes.
Mais: tinha em vista a produção de
uma série de animações do Xaxado para a TV e outras publicações
infantojuvenis de cunho educativo.
CEDRAZ E SUAS FABULOSAS CRIAÇÕES |
Na saída, notei o majestoso mandacaru
que adorna a saída de sua garagem. O estalo foi imediato: "Cedraz, posso
tirar uma foto sua na frente dessa planta?". Apressado, ele concordou e
posou do jeito que estava: chaves do carro na mão, a fralda da camisa
parcialmente dentro das calças. Saquei o celular e cliquei duas vezes.
XAXADO É A NOSSA MAFALDA |
Ainda nos falamos por telefone depois disso, mas nem por
um segundo senti medo ou tristeza. Tudo isto posto, afirmo
que, antes de lamentar a perda de Cedraz (algo inevitável), prefiro celebrar
sua brilhante passagem por este planeta.
REGIONALISMO NORDESTINO |
A TURMA DO "BARULHO" |
Ainda assim, foi
múltiplas vezes premiado com 0 Trofeu HQ- Mix, maior premiação dos quadrinhos
brasileiros. Foi consagrado Mestre do Quadrinho Nacional pelo PrêmioÂngelo
Agos- tini, outra importante premiação. Viajava constantemente pelo país,
recebendo homenagens em feiras e convenções de quadrinhos infantis. Sua obra é
objeto de estudo por pesquisadores, mestrandos e doutorandos no Brasil e no
exterior.
ALÉM DE UM GÊNIO DO TRAÇO,, PERDI UM AMIGO! PARTICIPO DA PERDA DA FAMÍLIA (JOSÉ QUEIROZ) |
Enfim: um raro baiano contemporâneo reconhecido nacionalmente.
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