sexta-feira, 7 de novembro de 2008

NATAL E GIBI




È gratificante lembrar momentos felizes, principalmente os vividos na infância e
na adolescência. E o leitor de gibis da Era de Ouro, está sempre empenhado em resgatar recordações felizes de outrora. E para isso ele pode contar com os fanzines que funcionam como verdadeiras máquinas do tempo cuja leitura lhe permite revisitar o passado desse mundo remoto que parecia perdido.

Disponibilizando recursos gráficos diversos acompanhado de textos sedutores, os fanzines viabilizam ao leitor o resgate mais desenvolto do passado vivido. Às vezes, basta a leitura de um anúncio pretérito; outras, da reprodução de uma fotografia antiga; de um pequeno trecho escrito; de uma fenomenal Splash Page1; da reimpressão de uma história antiga; da revisita a um gibi do passado ou do ressurgimento de uma dúvida de infância, que pode ser esclarecida por outro leitor através da sessão de cartas. Por tudo isto, os fãs classificam os fanzines dedicados a Era de Ouro das HQs como Tesouros Nostágicos. Imagine, então, quando o foco são os Gibis de Natal e os inolvidáveis Almanaques Natalinos?

Os “Almanaques” dos Gibis de Natal

Almanaque do Globo Juvenil, 1941, foi um dos primeiros do gênero.


Embora as capas exibidas sejam compreensivelmente repetitivas, ninguém fica impassível diante da visão dos almanaques que nos fizeram tão felizes. O mês de dezembro era, para os guris, o mais marcante do ano, não só pelo Natal, mas também pelas revistas especiais com ilustrações e histórias em quadrinhos próprias para a ocasião.

A EBAL, de Aizen, também editava os seus Almanaques.

Ao contemplar as capas, não há como não voltar no tempo. Tempo em que os Almanaques de fim-de-ano enfeitavam as bancas de jornal e revistas. Dezembro era o mês das maiores emoções e dos presentes de Papai-Noel -, neles incluídos os gibis de maior tamanho, com capas cartonadas e maior número de páginas que se juntavam ao clima das festas. A estrela maior das capas era, sem dúvida, o Papai-Noel, só ou acompanhado de heróis e super-heróis. Os inocentes olhos das crianças da época regalavam-se de alegria só de ver essas preciosidades que muitas vezes nem podiam comprar.

O Jovem Hodierno
O Gibi Trisemanal costumava anunciar a Edição de Natal antes de sua publicação.


È difícil fazer um jovem de hoje vivenciar o mesmo sentimento de alegria e envolvimento comum a toda criança que teve a felicidade de, num dia qualquer de dezembro, chegar a uma banca e topar com um novo Almanaque. Somente quem viveu aquele tempo é capaz de recordar o prazer indescritível que obteve com essas maravilhas.

O jovem de hoje vive outros tempos. Tempos incertos, de equívocos mil: da omissão do pai, e da ausência da mãe no lar. Acreditava-se erradamente que o leitor de gibi era o delinqüente de ontem. Hoje, postula-se, o novo perfil da delinqüência resulta de uma crise, sem precedentes, no seio da família; de uma educação permissiva; e do consumo desenfreado de entretenimentos, produzidos sem qualquer respeito às normas, valores e ética humanistas.

Um dos mais antigos Almanaques de Quadrinhos publicados no Brasil.



Isso, sim, pode gerar a delinqüência bem-nascida que compra, vende, consome drogas, espanca empregadas domésticas, incendeia índios, enquanto seus pais, remoendo de culpas, optam pela omissão generalizada, produzindo a falência da autoridade familiar. Os lares se transformam em pensões anônimas, vazias, onde os encontros casuais não conseguem criar e manter um contexto familiar parecido com o de antigamente. Sem condições de assumir suas responsabilidades os pais procuram suprir a ausência e o vazio afetivo presenteando os filhos com mesadas, carros, liberdade precoce e irresponsável.

Sendo assim, testemunhando os novos tempos você, leitor do PORTAL, pode se julgar um felizardo: primeiro, por ter vivido Natais maravilhosos; e segundo, pelo privilégio de poder resgatar a memória dessa alegria vivida, fazendo-a permanente no mais íntimo de sua mente.

Nota:
1) Abertura que aparece como página principal de uma história em quadrinhos. . Pretende-se que produza um efeito semelhante à abertura de um filme, atraindo a atenção do leitor.

Um comentário:

  1. camarada, meu tio(de 79 anos), tem uma fantástica coleção de quadrinhos, da época áurea, de 1932 até 1962, com Brucutu(Alley Oop), Flash Gordon, Principe Valente, Brick Bradford, Tarzan, e muitos outros... Mas, ele não deixa as pessoas ficarem lendo, com medo de estragar...

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