IAN GODOY
Desde janeiro de 1937, Detective
Comics foi inteiramente consagrado as façanhas
de um só herói. Enfim o Superman apareceu na edição de junho de 1938 da Action
Comics. O Superman criado por Jerry Siegel e Joe Shuster
está longe de ser o herói que conhecemos atualmente. Na época de sua criação, a
capacidade intelectual do Homem de Aço não parecia superior à dos seus inimigos
e, se não fosse por sua força inumana, ele se pareceria mais com Happy
Hooligan que com o Ubermensh idealizado por Nietzsche.
Dirigido especialmente para as crianças, Superman e seus companheiros iriam dar
lugar, pelo seu irrealismo, sua irracionalidade e seu mau gosto, a
controvérsias apaixonantes que ainda não se extinguiram.
Alley Oop (1934), criado por Vincent Hamlim e conhecido
por nós como Brucutú.
por nós como Brucutú.
Malgrado esta invasão da história em
quadrinhos pelos aventureiros e heróis de toda a espécie o humor não perdeu seu
lugar. Temos a imortal criação de Elzie Segar, o marinheiro encrenqueiro
Popeye (1929), o homem das cavernas Alley Oop (1934), criado por Vincent
Hamlim e conhecido por nós como Brucutu, o humor inteligentíssimo
de Al Capp em Li´l Abner (1934). Al Capp gozou entre os
criadores das histórias em quadrinhos de um renome sem igual. Alguns o
compararam a Rabelais e a Swift, e o romancista americano John
Steinbeck chegou a escrever em 1953 que Capp era o maior escritor
contemporâneo e que a comissão do prêmio Nobel deveria tomá-lo com toda a
consideração. Mas sob esta aparência brilhante, a imaginação dos autores das
histórias em quadrinhos já começava a se esgotar. Para remediar isso, os
sindicatos apelaram para as revistas The Little King de Soglow, e do New
Yorker e Henry conhecido por nós como Pinduca, de Carl
Anderson do Saturday Evening Post e sobretudo ao desenho
animado. A variedade de histórias em quadrinhos americana é então infinita.
Em 1940 os comics apresentam um panorama
de dimensão impressionante e sua força de expansão explode. Então os grandes
sindicatos inundam a Europa com suas produções que os europeus despejam
deliberadamente na imprensa infantil. Todas as grandes séries são exportadas,
menos A Pequena Orfã de Harold Gray e Krazy Kat de Herriman. As
publicações ilustradas periclitam, a produção local marca passo. Mal pagos,
ainda na maioria ligados na imprensa infantil, os desenhistas europeus não
podem rivalizar com os Foster e os Raymond e as evoluções continuam a surgir. A
Alemanha, após Witwe Knolle (1927), de Rudolf Rose, entra em cena
Erich Ohser com o clássico Vater und Sohn (Pai e Filho – 1934),
utilizando o pseudônimo de E. O. Planen. Totalmente diferente de Moon
Mulins, essa história cheia de ternura e fantasia nos leva a conhecer o
dia-a-dia de um casal burguês, especificamente um pai e seu filho.
A história em quadrinhos inglesa
estagnou: o estilo do comics não chegou a se generalizar. As séries de
aventuras surgidas então permanecem fiéis ao texto contínuo sob o quadrinho e
estão nos limites do romance ilustrado. Na França, as séries antigas estão
sempre bem vivas, com suas convenções obsoletas. Em 1934, após diversas
tentativas, a história diária francesa apareceu, com 27 anos de atraso em
relação aos EUA e 13 anos em relação a Grã-Bretanha. Na Itália persiste também
a tradicional imagem infantil: Pampúrio, de Carlo Bisi (1929), Pier
Cloruro de´ Lambicchi de Giovanni Manca de 1930. Mas a partir de
1932, a situação evolui rapidamente com a chegada das histórias americanas e a
fundação de várias revistas para publicá-las. Apesar da produção italiana ser
fracamente elaborada, quase beirando o ridículo, várias séries interessantes
sobreviveram apesar do desenho inferior e do roteiro pueril: assim, Dick
Fulmine de Carlo Cossio (1938), apareceu na França como Alain la
Foudre. Tiveram também presença marcada o western de Rino Albertarelli,
Kit Carson (1937), as histórias de aviação de Kurt Caesar, I
Moschettieri dell´aeroporto Z, que assinava como Giacomo Avai, e a
ficção científica de Frederico Pedrochi e Giovanni Scolari, Saturno
contra la Terra e a criação de Walter Molina, Virus il Mago
della Foresta Morta, ambas de 1937.Em 1938, as histórias em quadrinhos
americanas foram proibidas de circular na Itália por motivos políticos. Pelo
mesmo fenômeno que se reproduziu na França, esta desaparição, longe de
favorecer a produção local, causa sua involução. As imitações medíocres das
grandes séries americanas fervilham por toda a parte.
A CRISE NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
1940-1948
http://pilsenoubock.blogspot.com/2006/11/breve-apanhado-da-histria-dos.html
Joe Sopapo...torna-se com a aquiescência do Departamento de Guerra,
um dos mais eficazes porta-vozes da política intervencionista
um dos mais eficazes porta-vozes da política intervencionista
Contrariamente à guerra de 1914-18 que
não exerceu sobre as histórias em quadrinhos americana senão efeitos
superficiais, a Segunda Guerra Mundial provocou uma profunda e
duradoura agitação, tanto nos comics quanto na vida de seus criadores. Desde
antes da entrada dos EUA na guerra e antes mesmo que o conflito tivesse
oficialmente explodido na Europa, alguns desenhistas já tinham tomado uma
posição definida sobre a questão. Desde 1937 os heróis de Milton Caniff
inflingiam aos japoneses uma guerrilha sorrateira, enquanto que o agente
secreto X-9, desenhado por Augustin Briggs, perseguia uma rede de
espiões dirigida por um certo capitão Ludwig, cujo nome, o monóculo , a
nuca raspada e o porte arrogante não deixavam dúvidas quanto à sua
nacionalidade.
Desde o início das hostilidades em 1939,
o ritmo se acelera. Se o governo americano se declara oficialmente neutro, os
autores das histórias em quadrinhos não escondem o lado de suas simpatias.
Enquanto alguns heróis se engajam na R.A.F., na armada canadense ou na Legião
Estrangeira para combater os Hunos, outros permanecendo nos EUA se entregam a
uma ativa e por vezes intensa propaganda pró-aliada, muitas vezes em oposição
aberta aos jornais que as divulgam. E assim que em maio de 1940, enquanto os
editores do New York Mirror pedem aos leitores para permanecerem de
cabeça fria e não exigir uma resposta inspirada pela emoção, Joe Sopapo (que
possue até uma estátua em sua homenagem), nas páginas do mesmo jornal, lança um
vibrante apelo pró-intervenção americana. Quando esta intervenção aconteceu,
finalmente em 8 de dezembro de 1941, o governo americano encontrou os
desenhistas psicologicamente preparados para contribuirem com sua parte no
esforço de guerra aliado. E, durante as hostilidades, essa colaboração não será
pequena. Os comics, transformados em armas de propaganda, mantém a confiança
dos G.I. e fortalecem o moral da retaguarda.
Como exemplo temos o engajamento de Joe
Sopapo no exército americano e Ham Fisher, seu criador, torna-se com
a aquiescência do Departamento de Guerra, um dos mais eficazes
porta-vozes da política intervencionista. O exemplo de Joe Sopapo foi seguido
com entusiasmo por outros heróis de histórias em quadrinhos que se encontrará
logo em luta contra japoneses ou alemães nos locais mais variados. E assim que
nos encontramos Jim das Selvas na Birmânia procurando impedir o avanço
japonês; Captain Easy desfazendo as intrigas inimigas em todas as partes
do globo; Scorchy Smith combatendo ao lado dos russos no fronte leste; Dick
Tracy, X-9 e Charlie Chan lutando contra espiões e
sabotadores. Nem mesmo Tarzan deixa de participar da luta: ele aniquila
em 1942 um comando nazista que estava a ponto de estabelecer uma base secreta
na África. No mesmo ano, Superman desmantela a muralha de submarinos no
Atlântico, preparando a invasão aliada. Esta façanha forçará Goebbels,
enraivecido, a exclamar em plena sessão do Reichstag: “O Superman é um
judeu!”.
Goebbels, Superman e o sino da Liberdade.
Goebbels, chefe da Propaganda Nazista: "Superman é judeu!"
Goebbels, Superman e o sino da Liberdade.
Goebbels, chefe da Propaganda Nazista: "Superman é judeu!"
Mais do que qualquer outra, Terry e os
Piratas foi a história em quadrinhos que refletiu mais fielmente a atitude
americana após o ataque de Pearl Harbor e, pouco a pouco, as aventuras
de Pat Ryan deram lugar as realidades de guerra. A guerra não somente
agitou as características e numerosas histórias já estabelecidas mas suscitou
outras como Buzz Sawyer (1943), de Roy Crane, o mesmo desenhista
de Captain Easy e Johnny Hazard (1944), de Frank Robbins. Buzz Sawyer e Johnny
Hazard eram principalmente lidos pelos civis, mas a guerra deu também
nascimento as histórias mais especialmente destinadas aos militares. Três
dentre elas não tardaram a concorrer em populariedade com as melhores séries
comerciais : G.I. Joe, The Sad Sack e Male Call,
todas as três criadas em 1942.
Primeiramente intitulada Private
Breger, segundo o nome e seu autor Dave Breger, G.I. Joe
não era uma história em quadrinhos convencional, mas uma sequência de desenhos
com uma legenda sob cada quadrinho. Sátira sem maldade da vida militar, G.I.
Joe teve um enorme sucesso tanto na frente quanto na retaguarda, e seu nome
passou para o vocabulário para designar o soldado americano.
O Sad Sack, criado pelo sargento George
Baker, é a personificação de um pobre diabo, recrutado por acaso e soldado
por acidente. Há algo de patético neste pequeno homem, sempre caindo, porém
sempre se reerguendo sem jamais maldizer quem quer que seja. Ainda que tenha
mérito, suas ações voltam-se sempre contra ele. Ele é censurado por aquilo que
faz como por aquilo que deixa de fazer e para ele nada é certo senão a
perversidade do mundo.
Chamado para produzir uma história
especialmente para os G.I.´s, Milton Caniff criou Male Call cuja
heroína, Miss Lace, é uma bela garota nada tímida e bem pouco vestida,
cujos contatos inocentes com os militares de todas as hierarquias e de todas as
armas constituem o foco de intriga. Desenhado na melhor tradição caniffiana,
Miss Lace conheceu junto aos soldados um verdadeiro sucesso e figurou em alta
em mais de um acampamento militar, pregada a parede ao lado das fotos de
atrizes como Rita Hayworth e Lana Turner. Certos
desenhistas contribuiram mais do que com sua pena e seu talento no esforço de
guerra. Bert Christman, um dos desenhistas de Scorchy Smith, se
engajou na aviação naval americana antes de se juntar aos Tigres Voadores,
a célebre formação comandada pelo coronel Chennault. No dia 23 de janeiro
de 1942, ele foi abatido nos céus da Birmânia num combate aéreo enfrentando
aparelhos japoneses que foram bombardear Rangoon. Em 1944, Alex
Raymond foi convocado como capitão dos fuzileiros navais, e serviu como
oficial encarregado das relações públicas até o fim da guerra. Depois de sua
partida, Jim das Selvas foi desenhado por vários artistas medíocres,
entre eles James Raymond, irmão de Alex, e essa história terminou em
1954.
Entretanto, nem todas as histórias em quadrinhos desta época foram inspiradas pela na guerra. Alfred Andriola abandonou, em 1942, Charlie Chan para criar no ano seguinte Kerry Drake, um simpático detetive de cabelos louros, cujas aventuras ligadas quase sempre ao ambiente cotidiano são sempre verossímeis. Os crimes são reais, ou poderiam sê-lo, os personagens são muito pitorescos sem cair no exagero que consagrou Dick Tracy, e as técnicas policiais são escrupulosamente autênticas. Contrastando com eventos da época, em 1942 apareceu uma história que amalgamou a fantasia de Little Nemo ao humor de Krazy Kat: foi Barnaby de Crockett Johnson. Barnaby, um garoto de inteligência viva, habitava um universo fantástico, paralelo ao prosaico e chato mundo dos adultos, no qual ele se introduziu seguindo o Sr. O’Malley, um gênio falador e charlatanesco cuja varinha de condão é um charuto. O desenho de Johnson, nítido e harmonioso, é bastante agradável aos olhos. Seu traço é simples e a ação é descrita com grande economia de meios. Os cenários estilizados e os balões impressos e não letreirados a mão aumentam ainda mais a simplicidade desta história. Porém, Crockett Johnson, de espírito independente e boêmio, não pode suportar por muito tempo um trabalho cotidiano. A história, que ele abandonou em 1946, foi continuada por Jack Morley e Ted Ferro, desaparecendo de vez em 1954.
1946 - Alex Raymond cria “Rip Kirby
Na Europa, durante esse tempo, a história em quadrinhos está as voltas com a falta de papel e tinta com as propagandas e com a lembrança das histórias americanas que não chegavam mais. As revistas italianas substituiram todos os heróis americanos por imitações locais. Topolino, o Rato como ficou conhecido Mickey Mouse na Itália veio a ser Tuffolino, um garoto, e assim por diante. Na França, na zona não ocupada, O Principe Valente, Os Sobrinhos do Capitão, Connie, Popeye e os personagens da Disney continuaram até a entrada dos Estados Unidos na guerra. Mas o favor oficial voltava-se as tradicionais historietas em imagens consagradas aos heróis nacionais, particularmente aqueles que combateram os ingleses: Duguesclin, Jean Bart Surcouf, Jeanne D´Arc e Montcalm se agitam nos quadrinhos; desenho execrável, impressão ignóbil.
Devido a pressão para a volta as
tradições nacionais, a própria história em quadrinhos era mal vista; houve uma
reversão à antiga fórmula dos jornais infantis: romances, ilustrações bastante
numerosas, mas nenhuma história em quadrinhos, tal é a fórmula de Siroco,
o melhor jornal juvenil da zona livre. Enquanto isso , na zona ocupada, uma
revista nazista, O Temerario – Le Temeraire (1943-44), doutrina
seus leitores e, sob o disfarce de clube de assinantes, tenta lançar a semente
das juventudes hitleristas organizadas. Dedicava um grande espaço para as
histórias em quadrinhos; os vilões tinham cara de fuinha e o nariz adunco e se
chamavam Orloff ou Venine. Porém, a lembrança de Flash Gordon,
de Mandrake, como aconteceu na Itália, levaram muitos desenhistas a
imitá-los... O fim da guerra não melhorou a situação. Ele veio mesmo
paradoxalmente precipitar o declínio da história em quadrinhos americana que se
tornou cruelmente visível desde 1946: as histórias humorísticas não são mais
tão divertidas e as de aventuras parecem ter perdido seu espírito. Caniff,
Hogarth e Raymond quiseram todos os três, cada um a sua maneira, fazer uma
renovação da história de aventuras.
Raymond criou em 1946 o antigo fuzileiro
naval Rip Kirby, hoje detetive particular e tentativa de Alex em
apresentar o intelectual como herói. Procedendo Rip Kirby de Raymond, Drago
de Burne Hogarth apareceu em novembro de 1945 e a história leva muito da atmosfera
de Tarzan. A ação de Drago não mais se situa na África e sim na Argentina ,
porém logo reencontramos o universo caro ao autor: as paisagens atormentadas e
as sombras sinistras. Apesar de sua efêmera existencia (1945-47) esta história
é uma das mais curiosas e dignas de interesse. Em janeiro de 1947, Milton
Caniff criou o seu herói Steve Canion, antigo capitão da Força Aérea e
diretor de uma companhia de aviação à beira da falência.Apesar das pressões de
um público ávido somente de evasão fácil e de conforto intelectual, os esforços
destes três mosqueteiros não foram inúteis e abriram a outros o caminho que
eles haviam traçado.
Don Winslow, da Navy
Este
período transcorre sob a influência da 2ª Grande Guerra Mundial, que provoca
“grande agitação não somente nos quadrinhos, mas na vida de seus criadores”
(Coupèrie, 1970).
Alguns
fatos que desencadearam essa agitação foram:
1º)
A proibição das HQ’s americanas em 1938 na Itália e posteriormente, na França,
Alemanha e URSS, gerando uma série de imitações me¬díocres de personagens e
histórias que haviam se difundido por toda a parte. Na Itália, em substituição
a “Topolino”, o rato Mickey, apareceu “Tuffolino”, um garoto; na França
não-ocupada, são prestigiados heróis nacionais como Duguesclin, Jean Bart,
Jeanne D’ Are, Montcalm, sem nenhum atrativo peculiar; na França ocupada, uma
revista nazista, Le Téméraire (O Temerário), procura doutrinar seus leitores
para o nazismo.
2º)
Na França, organizações religiosas e escolares, confundindo todas as HQ’s com a
proibição política que havia sido feita dessas mesmas histórias, opuseram-se
contra toda e qualquer publicação de revistas de HQ. O partido comunista
apresentou projeto de lei que visava a proibição de toda HQ estrangeira,
projeto esse que foi rejeitado e retomado de forma mais suave pelos católicos,
que criaram uma comissão de fiscalização das produções em quadrinhos em 1949.
3º)
Problemas e obstáculos econômicos, tais como falta de papel e tinta,
dificultavam a produção das HQ’s na Europa.
4º)
Mesmo antes da entrada dos EUA na Guerra, e, até mesmo antes de se ter
desencadeado o conflito europeu, alguns desenhistas já haviam tomado posição
sobre a questão que eclodiria na Segunda Grande Guerra Mundial. Vêem-se, por
exemplo, os heróis de Milton Caniff lutando contra os japoneses, o agente
secreto X-9 perseguindo uma rede de espiões dirigida por um capitão alemão,
outros heróis se enquadrando na RAF para combater os hunos, ou, de forma mais
explícita, um Joe Sopapo lançando um veemente apelo para que os EUA interviessem
na guerra e abandonassem sua posição de neutralidade.
5º)
Com a entrada dos EUA na Guerra, a 8 de dezembro de 1941, os desenhistas de HQ
colaboraram com o governo americano, transformando seus personagens e suas
histórias em verdadeiras armas de propaganda. Joe Sopapo, Jim das Selvas, Dick
Tracy, Scorchy Smith, Charlie Chan, Tarzan, O Super-Homem, Terry e outros
entraram em luta contra os japoneses, desfizeram intrigas inimigas, derrotaram
espiões e sabotadores, estabeleceram bases secretas na África, enfim, tomaram
parte ativa na Guerra.
6º)
Além das HQ’s destinadas aos civis, muitas delas foram especialmente dedicadas
aos militares, verdadeiras sátiras narrando acidentes e peripécias da vida
militar como Private Breger, como G. I. Joe de D. Breger, ou Sad Sack de George
Baker, que tiveram grande su¬cesso tanto na frente de guerra como na
retaguarda. Milton Caniff foi chamado para produzir uma história especialmente
para os “G.I’s”, e então criou Male Calt com Miss Lace, como heroína, uma garota
pouco tímida e pouco vestida que se entregava a aventuras inocentes com os
militares. Para dizer da popularidade de Miss Lace, basta lembrar que sua
imagem foi encontrada em vários acampamentos militares ao lado das fotos de
Rita Hayworth e Lana Turner.
7º)
Alguns desenhistas, afastados de suas funções para se alistarem nas forças
armadas, interromperam sua produção. Esta foi entregue a outros desenhistas,
nem sempre tão talentosos. É o caso de Bert Christman, um dos desenhistas de
Scorchy Smith, e de Alex Raymond, criador de Jim das Selvas e Flash Gordon.
8º)
Mesmo depois de cessada a Guerra, que custou 30.000.000 de vidas humanas, a
situação de declínio das HQ’s não melhorou tão rapidamente. Havia um “certo
constrangimento dos humoristas em serem engraçados”, o que é muito fácil de se
compreender.
Sob
a influência desses fatores é que as HQ se desenvolveram de 1940 a 1948, o que
torna sua evolução nessa fase bastante lenta e bem menos explosiva do que no
período anterior. Pode-se ver a seguir, em síntese, o que emergiu desse período
tormentoso, além da utilização dos heróis para a causa militar.
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1940 – Criação do Capitão Marvel (SHAZAM!) na Fawcett Comics. A sabedoria de
Salomão, a força de Hércules, a resistência de Atlas, o poder de Zeus, a
coragem de Aquiles e a velocidade de Mercúrio compunham o conjunto de
personagens mitológicos que alimentavam de poder o jovem jornaleiro Billy
Batson, quando este pronunciava a palavra SHAZAM!
-
Das mãos de Joe Simon e Jack Kirby, nasce o Capitão América. No auge da Segunda
Guerra Mundial, editores da Timely Comics (atual Marvel Comics) tiveram a idéia
de criar um supersoldado que simbolizá-se o sentimento de patriotismo que
crescia com a cada vez mais com a aproximação da entrada na guerra pelos EUA.
Assim, Steve Rogers, um jovem franzino, voluntário das forças armadas, foi
escolhido para participar do Projeto do Supersoldado, sendo o primeiro e único.
Sua arma, um escudo, seu uniforme, a bandeira, seu lema, a liberdade. O Capitão
América foi usado como influência para o alistamento voluntário de jovens,
quando da entrada dos EUA na guerra.
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Nasce Carter Hall, o Gavião Negro. Reencarnação de um príncipe egípcio antigo,
combate o crime usando asas emplumadas, uma máscara com bico e uma maça.
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Joel Ciclone aparece pela primeira vez. Trata-se da primeira versão do Flash, o
maior velocista do mundo dos quadrinhos. Após inalar um conjunto de produtos
químicos, Jay Garrick adquire seus poderes.
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Surge o primeiro Lanterna Verde. Alan Scott adquire com um alienígena um anel
que pode materializar pensamentos.
-
O primeiro grupo de heróis dos quadrinhos é formado: A Sociedade da Justiça,
formado por Flash, Lanterna Verde, Gavião Negro, Átomo, Espectro, Homem-Hora e
Sr. Destino.
-
1941 – Surgem Mulher Maravilha e Aquaman. Ela é uma embaixadora amazona, que
luta pelo bem usando um laço mágico e um jato invisível e ele um filho de
cientista treinado para sobreviver debaixo d’água.
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1942 - Aparecem as já citadas criações: “G. I. Joe”, “Sad Sack” e “Male Calt”.
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Alfred Andriola, o criador de “Charlie Chan”, lança “Kerry Drake”, um detetive
que vive aventuras inverossímeis.
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Crockett Johnson produz “Barnaby”, um garoto de inteligência viva, que habita
um mundo fantástico de elfos, gnomos, duendes como Lancelot, McSnoyd, um duende
irônico, Gus, um tímido fantasma, e Gordon um assustado cão falante. Esta
história, pelo seu assunto contrastante com a época, é uma exceção na tendência
dos quadrinhos desses tempos. No Brasil, Barnaby apareceu como tira diária de O
Estado de São Paulo.
-
1943 - Roy Crane cria Buzz Sawrey (Jim Gordon), piloto da aviação naval com
suas aventuras no Pacifico.
-
Walt Kelly lança o personagem “Pogo”, que ganhará relevo mais tarde numa HQ que
é sátira à sociedade norte-americana, através de animais humanizados.
1944
- Frank Robbins lança “Johnny Hazard”, piloto que realiza suas aventuras nos
quatro cantos do mundo.
-
1946 - Alex Raymond cria “Rip Kirby”, antigo comandante dos fuzileiros navais
que, de volta à vida civil, se torna detetive particular. Kirby resolve
inteligentemente seus casos e não apenas com sua força física. Trata-se de um
herói intelectual.
-
Para incentivar a produção das HQ, a National Cartoonists Society (N.C.S.),
associação encarregada de defender os interesses artísticos e profissionais dos
desenhistas, lançou nos EUA o “Reuben” (espécie de “Oscar” dos comics, no dizer
de Moya, 1970). Trata-se de uma estatueta que representa um quarteto de
horrendos gnomos, fazendo ginástica. O Reuben deveria ser entregue ao melhor
desenhista do ano.
-
Na Bélgica, aparece o semanário Tintin, que retoma o personagem criado por R.
Velter, antes da guerra: “Spirou”, um jovem de roupa vermelha que se tornou um
dos mais conhecidos heróis da Europa.
-
Na Bélgica, Morris cria “Lucky Luke”, cowboy cheio de bom humor.
-
1947 - Milton Caniff cria “Steve Canyon”, antigo capitão da Força Aérea,
diretor de uma companhia de aviação, em constante perigo de falência, o que
obriga Canyon a aceitar missões perigosas.
-
1948 - Na Itália, G. BoreIli e A. Oallopini lançam “Tex Willer”, em aventuras
no Oeste.
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Na Inglaterra, o Daily Mirror lança HQ para adultos com Buck Ryan, de Jack
Monk, série de ficção científica; Garth de Steve Dowling (desenho achuriado) e
Jane de Pett, personagem criada em 1932, e que fazia de 12 em 12 quadrinhos um
strip-tease. (Perry & Aldridge, 1971).
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