quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

SHANE - FOTOQUADRINIZAÇÃO



Para quadrinizar SHANE, utilizei como ingredientes principais um DVD original; um programa para captar os fotogramas; um segundo programa para dar qualidade gráfica a cada fotograma; um terceiro, para inserir os comentários; e um quarto, para editar e diagramar o material em folhas individuais.

Porém, no meu entender, o mais importante ingrediente foi o uso da mente e das mãos deste editor. Os problemas foram surgindo e pouco a pouco solucionados; sempre com muito esforço e trabalho. Cito:

Problema um: Transferir com fidelidade para o papel, o que estava sendo exibido na tela. A edição de SHANE durou cerca de três anos, e o enxugamento foi gigantesco. Logo, o que sobrou foi, para o diretor, a essência de seu trabalho. Quer dizer, cada fotograma, cada som, cada imagem teve a sua razão de permanecer no filme. Excluir qualquer detalhe, seria um sacrilégio. Mas para quadrinizá-lo fui obrigado a enxugá-lo ainda mais, tendo o cuidado de evitar descaracterizar a obra prima de George Stevens.

Não queria correr o risco de interferir na  coerência interna do filme. Por isso, utilizei textos para complementar as imagens e, acredito, consegui, pelo menos, me aproximar do desejado.

Problema dois: foi necessário selecionar fotogramas específicos para representar trechos longos de cada seqüência. Por exemplo: escolhi o fotograma para mostrar num só quadrinho a longa tomada que culmina com o duelo final, aquele em que Ladd (SHANE) dispara o tiro fatal que mata Wilson (PALANCE). 

Essa cena decisiva dura, na tela, frações de segundos. Por isso, fui obrigado a passá-la e repassá-la muitas vezes, até que conseguisse pará-la exatamente na imagem de SHANE com o revólver fumegante, no exato momento em que atira.

Problema três: Ao utilizar vários programas simultaneamente o trabalho manual repetitivo que tive de fazer causou-me, entre outras coisas,  um episódio agudo da síndrome do túnel do carpo – L.E.R. ou doença dos movimentos repetidos – no caso, teclar, digitar, torcer, voltar, etc.

Houve um momento que, confesso, pensei em desistir. Não somente pelo esforço físico dispendido, mas principalmente pela imensa quantidade de páginas que estava produzindo, o que implicou em maior gasto de tempo, tinta e papel sem se falar nas perdas por congestionamento da impressora.

No entanto, o compromisso assumido com o leitor e a alegria de lhe proporcionar  a rara oportunidade de ler em quadrinhos e a cores um faroeste clássico – que dignificou o gênero e o cinema -, motivou-me a seguir em frente. 

O resultado final está em suas mãos, leitor amigo. Sem poder agradar a gregos e a troianos, desejo que a fotoquadrinização possa proporcionar à maioria dos leitores do PORTAL um usufruto gratificante  parecido ao que demonstrou Cláudio Dilli na carta publicada nesta edição, onde expressa o seu entusiasmo de fã empolgado pela fotoquadrinização de SHANE. (Queiroz)






Nenhum comentário:

Postar um comentário